Marrocos, entre a magia do futebol e as fissuras na sociedade: “Os estádios estão aqui, onde estão os hospitais?“

Carlos Bilardo, antigo selecionador argentino e campeão do mundo em 1986, alertou em 2000 que já tinha avisado em 1975 sobre o futuro do futebol estar em Marrocos e em África. Ele fez esta declaração durante a Taça Mohammed em Marrocos, enquanto jogava pela equipa do Estudiantes.

A sua justificação baseava-se na observação de que as pessoas em África jogam futebol na rua, ao contrário de locais como a capital da Argentina, Itália ou Alemanha, onde não há espaço. Ele mencionou países fortes como Camarões, Nigéria, África do Sul, Marrocos e Tunísia, destacando a sua técnica como uma vantagem.

Hassan Nader, antigo avançado de Farense e Benfica, confirmou que ainda se veem crianças a jogar futebol na rua e na praia em Marrocos, mas notou que há cada vez menos espaço. Actualmente, existem muitas associações, academias e um grande interesse pelo futebol, com os resultados a tornarem-se mais importantes.

Esta conversa ocorreu dias depois de a equipa sub-20 de Marrocos ter alcançado a final do Campeonato do Mundo no Chile, ironicamente contra a Argentina. O futebol marroquino vive uma era dourada, recordando a semifinal no Qatar 2022, onde Portugal contribuiu para o sucesso.

Enquanto isso, as ruas de Marrocos têm sido ocupadas por jovens da Geração Z insatisfeitos com as fissuras do regime e o investimento no futebol em detrimento dos serviços sociais. Ironia adicional: os futebolistas que se destacam no Chile pertencem a essa mesma geração.

Marrocos é parceiro de Portugal e Espanha para a organização do Mundial de 2030, e têm ocorrido manifestações convocadas através das redes sociais sob a designação "GenZ 212".